Centenas de imagens perturbadoras de crianças e adultos mortos e/ou adoecidos apareceram nas redes sociais, recentemente. Apesar do assunto Guerra na Síria vir a tona, o conflito vem acontecendo desde 2011 quando a conhecida Primavera Árabe – uma onda de protestos contra governos árabes que se alastrou pelo norte da África e Oriente Médio – levou às ruas civis que, desgostosos com os seus governos, pediam por menos desigualdade, melhores condições de vida e democracia.

Na Síria,a população mostrava-se inquieta e reclamava pelos altos índices de desemprego, corrupção e falta de liberdade política no governo do presidente ditador Bashar al-Assad antes mesmo do movimento tomar forma.

Bashar al-Assad divide opiniões. Se por um lado o seu governo defende as minorias religiosas na Síria (drusos, alauitas e cristãos) de ataques religiosos extremistas e é referência de governo laico no Médio Oriente, por outro, sua forma de governo extremamente rigorosa deu-lhe o título de maior líder sanguinário do século 21. Sob o seu governo houve mais de 400 mil vítimas – cerca de 354.000 mortos e 57.000 desaparecidos (fonte: Observatório Sírio de Direitos Humanos). Demétrio Magnoli, jornalista e doutor em geografia humana, em entrevista para o G1, acrescenta que: entre as vítimas, cerca de 20.000 mortos eram crianças.

Na última semana, o que fez voltar a tona a guerra que estava a ser esquecida, foi o ataque químico que aconteceu em Douma,  cidade controlada por rebeldes na região de Ghouta Oriental uma cidade situada cerca de 10 km de Damasco, capital da Síria.

Apesar de ninguém assumir os ataques, os países ocidentais acreditaram fortemente que o governo sírio foi o responsável; esse, no entanto, nega, dizendo que não haveria motivos para isso já que desde a vitória sobre os jihadistasDAESH(ISIS) seu governo está estabilizado e domina grande parte do território – a Síria está geograficamente dividida entre pequenos grupos, entre eles os curdos, uma das maiores nações sem território e governo próprio que lutam por legitimidade na Síria e na Turquia.

Como forma de defender o território e os próprios interesses, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França lançaram, na última sexta (13), ataques aéreos e assumiram a cidade a Douma, uma postura contra o governo sírio e, consequentemente, contra os seus aliados: Irã e Rússia – desenhando um conflito muito bem definido entre duas bases de grandes potências bélicas, uma briga que está a gerar um mal-estar mundial, já que afeta diretamente orgãos internacionais como a  ONU e os interesses de países como a Turquia (a qual tenta limitar ao máximo a autonomia curda) e a Arábia Saudita, a grande inimiga do Irã que tem como forte aliado os Estados Unidos.

Hoje, a Síria está completamente dividida entre grupos opositores ao governo de Assad, grupos a favor do governo de Assad, interesses internacionais, infuências políticas e religiosas, jogos geopolíticos. Em suma, grupos que lutam por sobrevivência e, entre os poderosos, uma briga insana por mais poder. Com esse cenário, infelizmente, a guerra na Síria parece estar longe de ter um fim.

Como cristãos, a única e melhor resposta que temos a oferecer é a oração e o suporte para aqueles que refugiaram-se em nosso país – de acordo com a UNHCR, existe cerca de 5,6 milhões de sírios refugiados em diversas nações e cerca de 6,1 milhões desabrigados.

Oremos para que Deus abençoe a Síria com paz.


por Luciana Leitão

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